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Pasta roxa viral no TikTok branqueia os dentes? É segura?

28 Nov 2023 - 11:05

Pasta roxa viral no TikTok branqueia os dentes? É segura?

É uma tendência no TikTok: uma pasta roxa que promete branquear os dentes a partir da primeira aplicação. Vários criadores de conteúdo estão a publicar vídeos em que experimentam o produto e mostram a sua alegada eficácia.

Supostamente, esta pasta funciona, em grande parte, devido à teoria das cores, em que se defende que o roxo neutraliza o amarelo, tornando os dentes mais brancos. Mas é legítimo dizer que este produto tem a capacidade de branquear os dentes? Qual o nível de eficácia desta pasta roxa? Há riscos associados à sua utilização?

É verdade que a famosa pasta roxa branqueia os dentes? E é segura?

Em declarações ao Viral, Francisco do Vale, professor coordenador do Mestrado Integrado em Medicina Dentária da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC) e diretor do Instituto de Ortodontia da FMUC, reconhece que “atualmente, a Hismile, uma pasta dentífrica com uma coloração arroxeada, tem ganhado popularidade” nas redes sociais. 

Segundo o professor da FMUC, a composição desta pasta “difere dos produtos de branqueamento convencionais, uma vez que é composta por bicarbonato de sódio (5%), cloreto de sódio (1%), ácido cítrico, sumo de folha de aloe vera, extrato semente de romã, entre outros”. 

Contudo, frisa o especialista, “os poucos estudos que existem sobre este produto são contraditórios e ainda pouco conclusivos”.

Por um lado, “alguns estudos demonstram que este produto de branqueamento não induz qualquer alteração de cor na superfície dentária, ao contrário dos agentes que contêm peróxido de hidrogénio ou carbamida”, explica.

Sendo que, acrescenta o dentista, “o extrato de romã e de aloe vera”, presentes nesta pasta, podem potenciar “a deposição de iões fosfato e cálcio”, fazendo a “remineralização” (reposição de minerais) da “superfície dentária”. 

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Por outro lado, outras investigações “referem que esta nova pasta branqueadora tem uma formulação à base de ácido ftalimido peroxi-caproico (PAP) que não altera a superfície do esmalte, nem reduz a sua microdureza superficial, e ainda induz alteração da cor em tratamentos repetidos de 10 minutos”, esclarece Francisco do Vale.

No entanto, além de os estudos disponíveis serem “experimentais in vitro” – apresentando, por isso, “pouca evidência científica” -, os seus “resultados são contraditórios”.

Assim sendo, na visão do professor da FMUC, é necessário que estes produtos sejam “submetidos a estudos clínicos para que possam ser utilizados com segurança e para que a sua eficácia seja comprovada”.

Fazer um branqueamento dentário sem supervisão e aconselhamento tem riscos?

Sim. Como explica Francisco do Vale, “o branqueamento dentário é um tratamento químico que envolve a utilização de princípios ativos branqueadores e produz efeitos secundários ligeiros, como a sensibilidade dentária e outras alterações dos tecidos duros e moles da cavidade oral” (ver aqui, aqui e aqui).

Assim sendo, “a técnica de branqueamento recomendada é realizada em ambulatório, com a utilização de concentrações baixas de diversos agentes ativos, como o peróxido de hidrogénio, a 6%, e peróxido de carbamida ou ureia, a 16%”, acrescenta. 

“Para que sejam usados em segurança” e de forma a “não comprometer a saúde oral e geral do utente”, estes tratamentos “devem ser prescritos e monitorizados pelo médico dentista”.

Por isso, para garantir a eficácia e a segurança do tratamento, “os agentes branqueadores de concentrações mais elevadas não são recomendados”.

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Isto porque estes agentes “aumentam a sensibilidade dentária e gengival durante o tratamento e podem provocar alterações na superfície do esmalte”, salienta. 

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No mesmo sentido, “os produtos de venda livre” – tais como “moldeiras pré-fabricadas, tiras de branqueamento, aplicações de tintas, géis em diversas concentrações, colutórios, pastilhas ou pastas dentifrícias” – também não são aconselhados pelos dentistas.

“Por terem um baixo custo e serem de fácil acesso, não são alternativas seguras, pois podem ser potencialmente perigosas devido ao seu uso excessivo, contraindicações e ausência de supervisão pelo médico dentista”, justifica Francisco do Vale. 

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Saúde Oral

28 Nov 2023 - 11:05

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